Sendo pauta constante do movimento estudantil, a segurança no campus é algo vital para a permanência de estudantes na universidade, principalmente as minorias. Ainda mais do que as do diurno, as estudantes do período noturno têm um constante receio em frequentar a universidade. O esvaziamento do campus no período da noite somado à falta de iluminação apropriada trazem muitos riscos para alunas que estudam nesse período.

Neste ano, casos de assédio dentro e fora da universidade trouxeram à tona essa pauta. Uma tentativa de estupro perto da área médica e um mesmo homem, dirigindo um carro preto principalmente na rua entre o IFCH e o IMECC [1],  assediando várias mulheres fez com que as estudantes começassem a discutir sobre esse tema, que muitas vezes é colocado de lado e nunca resolvido.

Por não termos ações efetivas vindas da reitoria, considerando que os seguranças que rodeiam o campus têm a função de proteger o patrimônio e não podem fazer muita coisa em relação aos assédios, houve uma movimentação das estudantes para que casos assim não acontecessem mais dentro e fora da área da universidade.

Começando por rodas de conversa promovidas pelas alunas da Medicina, passando por atos e confrontação com a reitoria, sob a promessa de que tomariam providências para melhorar a segurança; foi criado um GT, a partir de uma Assembleia Geral, que discutiria essa pauta e faria uma articulação com toda a universidade, chegando à reitoria.

As reuniões desse GT, composto somente por alunas mulheres, acabaram resultando na formação de uma Frente Feminista da Unicamp, cuja pauta principal seria a erradicação dos assédios sexuais dentro e fora do campus. O lançamento da Frente deve acontecer em breve, com suas propostas e direcionamentos de atuação.

Além disso, no início desse semestre, ocorreu um ato de vandalismo em vários lugares da Unicamp, incluindo a biblioteca do IEL [2], que era composto por símbolos nazistas e pela frase “Poder branco”, assim como ameaças de massacre e alusões ao atentado de Columbine, que aconteceu na biblioteca de uma escola nos Estados Unidos em 1999, matando 15 alunos.

Foi um choque para toda a universidade e gerou um clima de medo e apreensão, principalmente aos alunos e alunas negros e negras. Descobriram o culpado e as providências jurídicas estão sendo tomadas, assim como aumento da segurança nos lugares que foram vandalizados.

Esses acontecimentos devem ser vistos como um ataque às minorias que frequentam a universidade, com um recado claro que não é o lugar delas. Mas, continuamos lutando pelo contrário: uma universidade pública de acesso universal, mas sabemos que para isso, é preciso que a segurança de todos e todas esteja em primeiro lugar.



Referências
[1]- https://www.acidadeon.com/campinas/cotidiano/cidades/NOT,0,0,1362004,unicamp+conclui+processo+de+assedio+mas+nao+divulga+decisao.aspx

[2] – http://www.cal.iel.unicamp.br/?p=467