A pedido do CAL, escrevo uma síntese descritiva do novo currículo do curso de licenciatura em Letras da UNICAMP a entrar em vigor a partir de 2019.

A título de um brevíssimo histórico sobre o processo de reforma do curso, situo que em maio de 2017, o Conselho Estadual de Educação de São Paulo (CEE-SP), órgão responsável por autorizar o funcionamento dos cursos de graduação das universidades públicas paulistas, publicou a deliberação CEE 154/2017 que instrui a montagem dos currículos dos cursos de formação de professores. As mudanças para o catálogo 2019 foram realizadas para cumprir as exigências dessa deliberação.

O objetivo principal das alterações foi a de dar maior caracterização do curso de Letras como um curso de formação de professores, ou seja, tiveram ênfase nesse processo as questões curriculares mais diretamente relacionadas à formação didático-pedagógica. Essa preocupação que pautou a reforma curricular se baseou não apenas nas instruções legais, mas também levou em conta algumas demandas históricas de estudantes, registradas em reuniões de avaliação de curso, além de diagnósticos por parte do corpo docente.

Síntese das alterações

Uma das mudanças diz respeito ao aumento da presença de componentes práticos no currículo do curso. “Prática como Componente Curricular” é a denominação usada para referir-se a um conjunto de atividades incluídas no currículo que devem abordar situações pedagógicas, uso de tecnologias de comunicação e informação, situações simuladas, estudos de caso, criação de sequências didáticas, elaboração de projetos de ensino etc. Essas atividades não se confundem com o Estágio Supervisionado, mas foram estruturadas em um encaixe curricular, ficando mais concentradas nos semestres anteriores aos de realização dos estágios (primeira metade do curso). Elas estão atreladas a várias disciplinas já existentes, além disso foram criadas três outras que devem se dedicar inteiramente às atividades práticas: Laboratório de Ensino em Literatura (TL406); Laboratório de Produção de materiais didáticos para o ensino de Língua Portuguesa (LA406) e Laboratório de Produção Textual II (HL337).

No bloco de disciplinas de formação didático-pedagógico, foram ainda criadas cinco disciplinas, que devem trabalhar a bibliografia e os conhecimentos mais básicos da formação de professores de Língua Portuguesa: Ensino de Língua Portuguesa Literatura: marcos históricos e documentos curriculares (LA404); Literatura e Ensino (TL404); Seminários em Ensino de Língua Portuguesa (LA405); Seminários em Ensino de Literatura (TL405) e Linguística e Ensino de Português (HL804). Além disso, muitas ementas passaram por revisão e houve a criação das disciplinas Linguagem e significação no ensino de Língua Portuguesa (HL324) e Texto, Discurso e Ensino de Língua (HL325), que substituem a HL323; e Aquisição de Linguagem e Ensino de Língua (HL423) e Neurolinguística e Ensino de Língua (HL424), em substituição à HL422.

Houve também uma alteração no bloco das disciplinas da Faculdade de Educação, que deixam de ser eletivas e tornam-se obrigatórias as seguintes siglas: Política Educacional: Organização da Educação Brasileira (EL212); Filosofia e História da Educação (EL485) e Psicologia e Educação (EL511).

As Atividades Científico-Culturais (disciplinas LG021 a LG027) deixam de fazer parte do catálogo e foi criada a LG028, denominada Atividades em Diversidade e Direitos Humanos, para a convalidação de atividades que tenham relação com temas de direitos humanos, cidadania, inclusão, diversidade e cultura da paz.  Propostas e abordagens que dialoguem com esses temas também deverão ser estimuladas nas pesquisas relacionadas ao trabalho de conclusão de curso (monografia).

Com as alterações, a carga horária do curso de Letras passa a totalizar 3480 horas, sendo 480 dessas horas destinadas aos Estágios Supervisionados, 450 horas para a Prática como Componente Curricular e  510 horas para as disciplinas de produção monográfica (Investigação Científica I, II e III e Monografia).

— Daniela Palma (coordenadora do curso de Letras)