Por Fabricio Teodoro

“No rádio, estática.
Nas paredes, telas de filmes. Os meus filmes.
Passam um após o outro alternando entre o que de fato ocorreu e o que sequer faz sentido.
Dispersas as obras premiadas pelo framboesa de ouro sobra nada. Ou melhor, estática.
É tão familiar quanto o silêncio.
É tão silencioso quanto o vácuo.
Que é tão imenso quanto eu. Ou o mar, quando se é o grão da areia fina da praia de Boa Viagem.
As ondulações do mar me causam enjôos. O silêncio não.
Logo, a estática é apenas lembrança de uma solidão. A solidão me lembra o mar que me dá enjôos. Penso que todos pensam no mar quando se sentem sozinhos. Culpa dos poetas, suponho.
Dizem que é por lá que se tem paz de verdade.
Não sei que paz é está, já que me dá enjôos.
Estar sozinho talvez me cause enjôos.
Ou talvez seja outra coisa.
Talvez o vácuo seja mais agradável…”