O Centro Acadêmico existe como uma entidade para os(as) estudantes, dedicada a promover debates acadêmicos, políticos e culturais, bem como eventos de recreação, festinhas e outras atividades extra-classe. É nossa responsabilidade cuidar da comunicação entre os(as) alunos(as) e todos os setores do instituto, garantindo que nós, estudantes de graduação e de pós do IEL, participemos das tomadas de decisão que nos afetam. O CAL é também um espaço para que os diversos grupos existentes no instituto possam expressar suas identidades e trocar experiências.

Para conhecer melhor as propostas da nossa gestão, dá uma lida na carta-programa da nossa chapa aqui — ou na transcrição abaixo.


Quem somos?

Somos um grupo de estudantes interessados em promover a representação discente do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL), tendo em vista a nossa inserção no Movimento Estudantil da Unicamp e o nosso engajamento frente às pautas político-sociais candentes tanto na universidade quanto na atual conjuntura. Entendemos a necessidade de promover o debate crítico, franco e cuidadoso acerca da relação entre universidade e sociedade. Por isso, apresentamos na sequência desta carta-programa: (1) a justificativa da escolha de Pagu para nomear a chapa, (2) as funções de um centro acadêmico, (3) a composição da chapa Pagu, (4) nossa forma de organização interna, (5) nossa leitura crítica sobre o papel da universidade, da produção de conhecimento e do movimento estudantil frente à atual conjuntura, (6) um panorama sobre o IEL  (7) e, por fim, os nossos posicionamentos e propostas concretas para os alunos do instituto.

1. Pagu

Nós, da chapa Pagu, escolhemos esse nome, pois a escritora Patrícia Galvão, além de ser uma figura importante para a Literatura Brasileira, representa muito do que propomos e de nossa linha política. Em 1930, foi uma das responsáveis por incendiar o bairro do Cambuci, em São Paulo, ao protestar contra o Governo Provisório; além de ter participado ativamente de uma greve de estivadores na cidade de Santos. Mais tarde, publicou, sob o pseudônimo de Mara Lobo, o romance Parque Industrial, que foi considerado o primeiro romance proletário da literatura brasileira. Com essa narrativa de vida, assim, acreditamos na força simbólica que carrega o nome “Pagu” para representar o Centro Acadêmico do Instituto de Estudos da Linguagem. Este que, por sua vez, tem como uma das prioridades a inserção aliada à permanência da juventude trabalhadora na Universidade e, tal como a escritora, assumimos o dever de lutar contra as injustiças de um sistema que ainda nos oprime.

2. O que faz um Centro Acadêmico?

O Centro Acadêmico da Linguagem (CAL) é a entidade representativa dos estudantes de graduação e pós-graduação do Instituto de Estudos da Linguagem (IEL). Uma das principais funções do CAL é garantir a comunicação entre a comunidade discente e os demais setores do instituto, de modo a garantir que nós, estudantes, participemos ativamente na tomada das decisões que nos afetam. Tendo uma sede, o CAL também é um espaço para que os diversos grupos existentes no instituto possam expressar suas identidades e trocar experiências. Sendo uma entidade para os estudantes, com uma certa frequência também devemos promover debates acadêmicos, políticos e culturais, bem como eventos de recreação, visando a integração da comunidade do IEL, e outras atividades extra-classe.

É responsabilidade de todo centro acadêmico a realização de espaços de discussão e deliberação, como assembleias, e de reuniões ordinárias frequentes. Também devemos nos inserir ativamente nas instâncias de representação institucionais, como congregações e reuniões de departamento, bem como manter um diálogo com os Representantes Discentes (RDs) e com o movimento estudantil da universidade, em assembleias do Diretório Central dos Estudantes (DCE) e Conselhos de Representantes de Unidades (CRUs). É através dessas esferas que críticas e reivindicações são levantadas, permitindo aos centros acadêmicos da Unicamp direcionar conjuntamente as suas ações de acordo com as demandas estudantis.

3. Composição da chapa

Vemos o Centro Acadêmico da Linguagem (CAL) como uma entidade representativa de um conjunto plural de estudantes e que, portanto, deve ser também plural em sua composição. Já dentre os membros da chapa Pagu, contamos com estudantes dos cursos de Letras, Linguística e Estudos Literários; que estudam no período integral e no noturno; graduandos e pós-graduandos; pessoas engajadas na luta estudantil, feminista, LGBTQ+ e negra; organizados no movimento estudantil e uma maioria de independentes. Através da organização e construção coletiva de um centro acadêmico mobilizado, podemos planejar e materializar nossa luta em defesa de um projeto de universidade e de país mais solidários e comprometidos com as causas populares.

Os seguintes estudantes do instituto estão inscritos na composição da chapa:

  • Angelo Gabriel Uehara Ardonde — Mestrando em Teoria Literária.
  • Beatriz Tierno Waberski — Letras Integral 018.
  • Bruna Munhoz Arduino — Letras Noturno 019.
  • Daniel Gostautas — Letras Noturno 019.
  • Gabriel Zupiroli — Estudos Literários 017.
  • Guilherme Henrique Dos Santos — Letras Noturno 019. 
  • Isadora Gazzi Foresti — Letras Integral 019.
  • Jamilly Bianca de Sá dos Santos — Estudos Literários 019.
  • Júlia Cristina Zebini — Letras Integral 019.
  • Lais Tardio Depintor — Letras Integral 018.
  • André Lucas Vieira Freitas — Linguística 018
  • Maria Júlia Santos de Freitas — Letras Integral 019.
  • Sofia de Almeida e Mello — Estudos Literários 019.
  • Tainá Maria Silva — Estudos Literários 017.

4. Organização interna da chapa

A Chapa Pagu propõe uma forma de organização interna que visa abranger, de forma organizada e eficiente, todas as diretrizes anteriormente apresentadas como responsabilidades de um Centro Acadêmico. O estatuto do CAL [1] prevê a divisão entre Coordenador(a) Geral e Tesouraria, bem como entre outros coordenadores. Tendo em vista nosso objetivo de formar uma chapa de constituição não-hierarquizada — com as deliberações encaminhadas coletivamente nos espaços de reunião, por conseguinte seguidas de forma centralizada por todos os membros da gestão — estabelecemos a nossa organização por meio das seguintes coordenadorias: Organização, Financeiro, Burocracia, Permanência, Pós-Graduação, Eventos e Comunicação. Decidimos pela não-hierarquização da chapa por entender que todas estas instâncias são igualmente relevantes e essenciais para o bom funcionamento da gestão. Além dos demais membros que as compõem, cada uma dessas conta com um coordenador eleito através de amplo acordo pelos membros da chapa. Acreditamos que, com essa divisão, garantimos o cumprimento mais eficiente de nossas tarefas e atendemos de maneira ampla as demandas apresentadas pelo corpo discente do IEL.

  • A Coordenadoria de Organização é responsável por acompanhar e orientar o funcionamento das demais coordenadorias, atribuir a divisão de tarefas, promover a leitura e debate de temas relacionados à vida estudantil — promovendo a formação política dos membros — e garantir a manutenção de uma vida interna saudável entre todos os membros da gestão.
  • Exercendo a função de Tesouraria, a Coordenadoria do Financeiro é responsável por manter o caixa do CAL estável, decidir para quais fins nosso dinheiro será utilizado e promover campanhas financeiras a fim de garantir recursos para a realização de nossos eventos e de outras necessidades referentes ao centro acadêmico e ao instituto.
  • A Coordenadoria de Burocracia lida com as questões burocráticas envolvendo o CAL. Saber lidar com os documentos necessários para o funcionamento interno e externo do Centro Acadêmico, vide os diversos estatutos da universidade, e organizá-los é de responsabilidade desta coordenadoria. Também é sua função lidar com as demais instâncias do IEL e da Unicamp, se manter informada das instâncias deliberativas do Movimento Estudantil — e.g. assembleias gerais e Conselhos de Representantes de Unidades (CRUs).
  • A Coordenadoria de Permanência tem como responsabilidade garantir a vivência acadêmica através de ações de apoio a alunos em situação de vulnerabilidade. As demandas feitas mais diretamente pelo corpo discente são atendidas por esta coordenadoria. Seu escopo de atuação abrange desde a estrutura física e pessoal do IEL (e.g. reivindicando mudanças no corpo docente ou acréscimo de funcionários) até situações que envolvam diretamente os alunos, de modo a acolher denúncias de assédio, racismo, LGBTfobia, machismo e quaisquer outros episódios de opressão, bem como a melhorar as condições para os alunos que se encontrem em situação de vulnerabilidade social.
  • A Coordenadoria de Pós-Graduação visa estabelecer na prática a integração dos pós-graduandos com o CAL, que estatutariamente também os representa. Entendemos que suas demandas são diferentes, portanto esta coordenadoria tem o objetivo de conferir atenção especial às demandas e problemas mais próprios à Pós-Graduação, além de proporcionar uma base inicial para se encaminhar a construção de uma APG (Associação de Pós-Graduandos) no IEL.
  • A Coordenadoria de Eventos é responsável por organizar eventos relevantes para a comunidade do IEL, de modo a abarcar questões tanto do Instituto, do Movimento Estudantil da Unicamp quanto questões candentes na conjuntura nacional; e também eventos recreativos (e.g. saraus, apresentações musicais, exibições de filmes), visando fomentar a boa integração entre funcionários, professores e alunos.
  • A Coordenadoria de Comunicação é responsável por gerenciar o email do CAL, nossos canais de mídias sociais (Facebook e Instagram) e também por divulgar constantemente informes e eventos à comunidade do IEL, tanto através destas mídias como também por meios físicos (cartazes e folhetos espalhados no instituto).

5. Universidade, produção de conhecimento e movimento estudantil frente à atual conjuntura

Entendemos que é cada vez mais necessário dar à nossa produção de conhecimento acadêmico um caráter popular e emancipatório: para pautar as questões e necessidades sociais básicas, os interesses populares e um projeto de soberania nacional que supere a nossa condição de país subdesenvolvido e dependente; para valorizar a promoção de projetos educacionais críticos e comprometidos com a sociedade, que concebam o ensino da linguagem e da literatura como parte de um projeto pedagógico emancipatório e formador de cidadãos empenhados, através da leitura da palavra, com a leitura do mundo. Defendemos a educação popular, referenciada não pelas cartilhas do Banco Mundial e dos conglomerados empresariais de ensino privado [2], mas pelo legado de Paulo Freire, Dermeval Saviani, Álvaro Vieira Pinto e de tantos outros dos nossos grandes educadores. 

A universidade pública é um meio estratégico de produção de conhecimento voltado à sociedade, de maneira que importantes meios institucionais de integração da pesquisa acadêmica com a sociedade que não são devidamente aproveitados — vide o exemplo central da extensão universitária — deveriam possuir papel central no corpo da educação pública. Diante da intensificação tanto das desigualdades sociais quanto das manifestações populares impostas pela conjuntura nacional e internacional — como as lutas travadas recentemente em nosso países-irmãos pela América Latina [3] — com a ofensiva neoliberal materializada, no âmbito da educação, por um acelerado desmonte tanto da pesquisa nacional quanto do ensino superior público, se faz cada vez mais necessário mobilizar e reerguer as nossas entidades de base a fim de resgatar o viés popular e universal do ambiente universitário. Os centros acadêmicos são uma importante ferramenta de representação das demandas estudantis locais, tanto na melhoria do ambiente universitário quanto no combate a este projeto de desmonte denunciado, desde a década de 90, por Darcy Ribeiro: “a crise da educação brasileira não é uma crise, mas um projeto”. 

Precisamos fortalecer e retomar o caráter combativo das nossas entidades de representação estudantil — desde os centros e diretórios acadêmicos até as UEEs (Uniões Estaduais de Estudantes) e, sobretudo, a UNE (União Nacional dos Estudantes). Ultimamente muitas dessas entidades têm se afastado da base dos estudantes, de modo a restringir sua atuação às disputas imaturas do movimento estudantil, próprias da pequena política. Para a concretização do projeto de universidade pública, gratuita, de qualidade, socialmente referenciada, realmente democrática e popular, começamos a agir desde já nos espaços do movimento estudantil. Se a universidade popular e uma sociedade mais justa, livre e solidária representa o sol que distinguimos em nosso horizonte, para o qual nos guiamos, o importante é que hoje ele nos faça caminhar. Como já dizia Drummond: “havemos de amanhecer” [4].

6. Um panorama sobre o IEL

O Instituto de Estudos da Linguagem (IEL) existe desde março de 1977. Antes disso, o curso de Linguística, criado em 1968, estava localizado no IFCH. Com foco inicial em estudos linguísticos, foi sede do primeiro Departamento de Linguística do Brasil e, em seguida, testemunhou a criação dos departamentos de Teoria Literária e Linguística Aplicada (1982), sob direção do Prof. Dr. Antonio Candido de Mello e Souza.

Desde então, houve mudanças e reformulações no funcionamento do instituto e na composição dos cursos. Passamos a receber alunos do curso de Fonoaudiologia em disciplinas como Fonética e Fonologia, obtivemos diversas mudanças nos catálogos dos cursos, e presenciamos alterações no espaço físico do IEL. Além disso, 2019 foi o primeiro ano das cotas raciais e do vestibular indígena na Unicamp. O Centro Acadêmico possui um papel fundamental não só na recepção como também na permanência de todos os estudantes do instituto, e essas questões se mostram cada vez mais urgentes quando se trata do auxílio aos alunos intercambistas, vindos de escola pública, indígenas e ingressantes via cotas raciais.

É fato que cada curso do IEL possui suas próprias demandas e reivindicações e, por isso, o CAL tem como função escutar as necessidades dos alunos, de modo a dialogar com docentes, funcionários e membros da direção, garantindo, assim, que os estudantes tenham voz no próprio instituto. Os estudantes do período noturno, por exemplo, não se sentem contemplados pelos horários em que é realizada a maior parte dos eventos no IEL, dado que uma parcela significativa desses estudantes trabalha durante o dia e os alunos de Estudos Literários possuem questões relativas à composição do curso e à sua menor visibilidade.

Isso posto, é dever do Centro Acadêmico garantir que as dificuldades, críticas e sugestões levantadas pela comunidade discente sejam levadas às instâncias deliberativas do IEL, bem como aos docentes e à direção, de modo que o instituto seja um ambiente em que sejam pautadas e tratadas a permanência estudantil e as reivindicações dos alunos.

7. Nossas propostas

  • Organizar uma comissão de boas vindas a fim de promover a recepção dos ingressantes de 2020 com eventos informativos e recreativos (recepção nos dias de matrícula, rodas de apresentação, atividades de integração entre calouros e veteranos).
  • Organizar e disponibilizar aos ingressantes de 2020 o ManuIEL, que contém informações úteis a fim de orientá-los a uma adaptação mais tranquila ao ambiente universitário (informações sobre a Unicamp, as instâncias de deliberação da universidade, as entidades de representação estudantil, o IEL, os espaços e eventos acadêmicos, os estabelecimentos de Barão Geraldo, as linhas de ônibus etc).
  • Promover uma apresentação do CAL e da Chapa Pagu aos ingressantes a fim de convidá-los a participar ativamente na construção da nossa gestão.
  • Promover uma melhor integração dos estudantes intercambistas e refugiados ao Instituto.  
  • Realizar frequentemente passagens em sala a fim de divulgar os informes e eventos de interesse do corpo discente.
  • Realizar reuniões semanais abertas e marcadas alternadamente nos horários de almoço e de janta, a fim de viabilizar a participação dos estudantes do período noturno.
  • Continuar mantendo uma relação constante com o DCE — incluindo a nossa presença nos Conselhos de Representantes de Unidade (CRUs) —, com a APG-Central e outras entidades representativas do movimento estudantil da Unicamp.
  • Continuar mantendo uma relação constante com a direção do instituto.
  • Continuar em contato constante com docentes e funcionários do instituto, viabilizando uma aproximação destes com a comunidade discente.
  • Continuar realizando frequentemente mutirões de limpeza do espaço físico do CAL.
  • Continuar seguindo rigorosamente os artigos registrados no Estatuto do CAL [1].
  • Continuar atualizando frequentemente o site do CAL [5] e nossos canais de mídia no Facebook e Instagram.
  • Aproximar-se da curadoria do Centro Cultural do IEL, a fim de divulgar os eventos das Quartas Culturais [6] e utilizar este espaço para a realização de atividades organizadas pelo CAL.
  • Promover eventos referentes aos estudos da linguagem que sejam de interesse dos estudantes de Estudos Literários, Linguística, Letras Noturno e Letras Diurno.
  • Promover eventos e atividades de formação sobre temas prementes na conjuntura política, sobretudo universitária, amplamente divulgados na comunidade do instituto.
  • Promover eventos recreativos (e.g. saraus, karaokês, exibição de filmes) a fim de fomentar a integração entre funcionários, docentes e discentes do IEL.
  • Realizar uma Semana de Estudos Literários a fim de promover a visibilidade do curso tanto internamente quanto para outras universidades.
  • Estabelecer um canal comunicativo com os estudantes da pós-graduação a fim de proporcionar os primeiros passos para a criação de uma APG (Associação de Pós-Graduandos) no IEL.
  • Solicitar a flexibilização dos horários de uso da Informática, inclusive o uso durante o período da madrugada (vide como se faz no “bitolódromo” da FEEC e como se fazia antigamente no próprio IEL).
  • Recolher e encaminhar as novas propostas a serem apresentadas, ao longo do ano de 2020, pela comunidade discente em nossas reuniões abertas.

Referências
[1] Estatuto do CAL.
[2] “Kroton Educacional: ‘Em termos de educação pública nunca experimentamos um inimigo com uma força social tão concentrada como esse’”.
[3] “América Latina rebelada: A Projeção Continental do Povo e a geopolítica da força”.
[4] ANDRADE, Carlos Drummond de. “A noite dissolve os homens”. In: Sentimento do mundo. Rio de Janeiro, RJ: Record, 1995. 
[5] Site do CAL.
[6] “Centro Cultural do IEL recebe propostas artísticas e culturais para o projeto ‘Quartas Culturais’”.